Por Marcelo Serafim:
Nosso estado vive mais um momento crítico neste ano. A cheia que se avizinha, já mostra que vem com força para se tornar a maior de todos os tempos. A mãe natureza manda os seus recados e cabe a todos nós entendermos o que ela tem para nos dizer.
Nosso estado possui essa peculiaridade, e todos os anos que temos uma grande cheia, mais da metade dos municípios ficam alagados. No entanto, mesmo em cheias menos intensas, muitos municípios padecem e sofrem.
Todos sabem que a cidade de Anamã, que está alagada este ano, também ficará alagada no próximo, e no próximo e no próximo ano. E o que fazem as autoridades? O que discutem sobre esse assunto. Lembro-me que na última cheia, tive a oportunidade de ir por três vezes nesta cidade. Pude sentir a dor, o sofrimento e a clareza que aquelas pessoas tinham de que não poderiam continuar como estavam. Nada foi feito, ninguém debateu nada após o problema. As lideranças se calaram, pois a cheia havia dado bons rendimentos eleitorais para eles. A “calamidade pública” permitiu que as compras fossem feitas sem licitações e os cartões de ajuda do governo deram um importante impulso aos que iam disputar as eleições seguintes. Este ano, da mesma forma, teremos eleições e vejo algumas lideranças municipais festejando as vantagens que estão tendo com as alagações. Enquanto eles comemoram nos prédios de luxo de Manaus os ganhos que estão tendo as pessoas sofrem, morrem e perdem a esperança de viverem em suas cidades.
Será que é isso que queremos? Será que dessa forma construiremos um novo estado? Será que não debater o problema de frente e discutir inclusive a mudança de cidades inteiras para áreas de terra firme não deve estar em nossos planos? Deixo essas perguntas para que possamos refletir sobre esse problema, que é grave, mas é de origem natural, e cabe a nós enquanto seres humanos tratarmos a mãe natureza com o devido respeito. Caso contrário ela nos dará novos puxões de orelha.
Até quinta!!
(*) Marcelo Serafim é bioquímico, farmaceutico e Presidente do PSB-AM.