É hora de avançar a partir do que conseguimos nestes 25 anos de democracia e de buscar um futuro melhor para todos. As bases para o Brasil preservar seus interesses sem temer o mercado internacional estão dadas. Convém mantê-las.
Controle da inflação, pelo sistema de metas, câmbio flutuante, Lei de Responsabilidade Fiscal, autonomia das agências regulatórias são pilares que podem se ajustar às conjunturas, mas não devem ser renegados, e não podem estar sujeitos a intervenções político-partidárias e interesses de facção.
Há, contudo, desafios: o novo governo terá de cuidar de controlar os gastos correntes e de conter a deterioração da balança de pagamentos (sem fechar a economia ou inventar mágicas para aumentar artificialmente a competitividade de nossos produtos).
Perdemos tempo com uma discussão bizantina sobre o tamanho do Estado ou sobre a superioridade das empresas estatais em relação às empresas privadas ou vice-versa.
Ninguém propõe um “Estado mínimo”, nem muito menos o PSDB. Outra coisa é inchar o Estado, com nomeações a granel, e utilizar as empresas públicas para servir a interesses privados ou partidários. A verdadeira ameaça ao desenvolvimento sadio não é privatizar mais, tampouco o PSDB defende isto.
Empresas estatais se justificam em áreas para as quais haja desinteresse do capital privado ou necessidade de contrapeso público. Não devem acobertar ganhos políticos escusos nem aumentar o controle partidário sobre a economia.
Precisam dispor de sistemas de governança claros e transparentes. A ameaça é continuar a escolher, como o governo atual, quais empresas serão apoiadas com dinheiro do contribuinte (sem que este perceba), criando monopólios, ou quase monopólios, que concentrarão mais ainda a renda nacional.
Os avanços sociais obtidos pelos últimos governos se deram nos marcos da Constituição de 1988.
Incluem-se aí a “universalização” do acesso aos serviços de saúde (via SUS) e à escola fundamental (via Fundef), a cobertura assistencial a idosos e deficientes (via Loas), bem como o maior acesso à terra (via programa de reforma agrária).
Além disso, a política continuada de aumento real do salário mínimo a partir de 1994, a extensão de programas sociais a camadas excluídas e a difusão de mecanismos de transferência direta de renda (as bolsas) melhoraram as condições de vida e ampliaram o mercado interno.
Tudo isso precisa ser mantido. Caberá ao novo governo reduzir os desperdícios e oferecer serviços de melhor qualidade, mais bem avaliados e com menor clientelismo.
Não se pode elidir uma questão difícil: a expansão dos impostos sustentou os programas sociais. Atingiu-se um limite que, se ultrapassado, prejudicará o crescimento econômico.
É ilusão pensar que um país possa crescer indefinidamente puxado pelo gasto público financiado por uma carga tributária cada vez maior e pelo consumo privado.
Falta investimento, sobretudo em infraestrutura, e falta poupança doméstica, principalmente pública, para financiá-lo. Maior poupança pública não virá de maior tributação.
Ao contrário, é preciso começar a reduzir a carga tributária, sobretudo os impostos que recaem sobre a folha de pagamentos, para gerar mais empregos.
Para investir mais, tributar menos e dispor de melhor oferta de serviços sociais, não há alternativa senão conter o mau crescimento do gasto. Isso permitirá a redução das taxas de juros e o aumento da poupança pública, como condição para aumentar a taxa de investimento na economia.
Sem isso, cedo ou tarde, se recolocarão os impasses no balanço de pagamentos, com a deterioração já perceptível das contas em transações correntes, e na dívida pública, que em termos brutos já ultrapassa 70% do PIB.
Nem só de economia e políticas sociais vive uma nação. Os escândalos de corrupção continuam desde o mensalão do PT. Há responsabilidades pessoais e políticas a serem cobradas e condenadas.
Mas há também desvios institucionais: o sistema eleitoral e partidário está visivelmente desmoralizado. Uma reforma nesta área se impõe. Ela se dará mais facilmente no início do próximo governo e se houver um mínimo de convergência entre as grandes correntes políticas. O PSDB deve liderar esse debate na busca de consenso.
O mesmo se diga da segurança pública. Há avanços no plano federal e em vários estados. A expansão da criminalidade advém do crime organizado e do uso das drogas.
O dia a dia das pessoas é de medo. As famílias e as pessoas precisam de nossa coragem para propor modos mais eficientes de enfrentar o tema. A despeito da melhoria do sistema jurisdicional e prisional, estamos longe de oferecer segurança jurídica às empresas e, o que mais conta, às pessoas.
Olhando o futuro, falta estratégia e sobram dúvidas: o que faremos no campo da energia? Onde foi parar o programa do biodiesel? Que faremos com os êxitos que nossos agricultores e técnicos conseguiram com o etanol? Que políticas adotar para torná-lo comercializável globalmente?
A discussão sobre as jazidas de petróleo se restringirá à partilha de lucros futuros ou cuidaremos do essencial: a base institucional para lidar com o pré-sal, a busca de tecnologias adequadas e de uma política equilibrada de exploração? E a “revolução educacional”, que, com as honrosas exceções em um ou outro estado, é apenas objeto de reverência, mas não de ação concreta?
Finalmente: que papel desempenharemos no mundo, o de uma sub-potência bélica ou a de um país portador de uma cultura de convivência entre as diferentes raças e culturas, com tolerância e paz, embora cioso de sua segurança?
Tudo isso e muito mais está à espera de um debate político maduro, que à falta de ser conduzido por quem devia fazê-lo, por ter responsabilidades de mando nacional, deve ser feito pela sociedade e pelos partidos.
Fernando Henrique Cardoso é sociólogo e ex-presidente da República
Este FHC é um cínico.
Quebrou o Brasil 3 vezes e agora quer ensinar o que?
Contente-se com o desprezo de 90% da população brasileira.
Votei no Lula e não me arrependo.Jamais voltarei a votar nele.
Votaria sem susto nesse Fernando Henrique.
Ele é melhor que a Dilma,o Serra e o Ciro,juntos.
O decadente e depressivo ex-presidente agora está com problemas de memória… Leia o artigo do Luis Nassif em http://migre.me/mxWt
E depois de ler o texto ele pede pra gente esquecer…então tá!
Bem, ele pode escrever quantos artigos quiser, afinal de contas ja teve a sua oportunidade e cá pra nós só serve pra isso, não nos oferece nenhuma boa lembrança do seu governo. Digo ainda, tenho orgulho do Presidente LULA, que conseguiu consertar uma situação que ele deixou, uma máquina carregada de terceirizados, do jeitinho que está o Amazonas e a Prefeitura de Manaus…Fiz concurso, fui nomeado e hoje ajudo a construir o futuro do nosso país. Que esse projeto de resgate da cidadania e do orgulho de ser brasileiro continue com a DILMA Presidente e com o Serafim Governador.
Um grande abraço e um Feliz dia das Mulheres as todas as guerreiras do Amazonas.
gosto mais quando ele ataca o lula, faz cosquinha, faz nenem!!!!
Sarafa eu tenho admiração pelas suas ideias e nas ultimas eleições votei em voce. Agora por favor, achar que o texto publicado pelo finado FHC pode ser levado a sério é subestimar os seus eleitores e simpatizantes. O governo praticado pelo PSDB levou o Brasil a beira do abismo. Vendeu as Teles para os gringos e fez a alegria dos ladrões como o Daniel Dantas e Naji Nahas. Então não tem credibilidade nenhuma para escrever nada. Nem com todas as suas aulas de sociologia ele aprenderia como lidar com os problemas que mais afetavam as classes mais pobres do Brasil. Se voce está pensando em apoiar o Zé Pedagio na proxima eleição, vai perder muitos votos aqui em Manaus pode ter certeza.
Sarafa, acho engraçado que quem justifica o provável voto na dilma não tem um argumento a favor DELA …
So fala em lula, lula e não sabe nem dizer quem é Dilma. Votar nela só por que o Lula quer ? Nunca
FHC usa as estatísticas para esconder o alto preço que nós, brasileiros, pagamos pelos “avanços” de seu governo – tarifas de telefone e energia absurdas, pedágios absurdos, arroxo salarial do funcionalismo público, venda do patrimônio público a preço de banana! FHC não se identifica com o povo brasileiro, e por isso jamais terá a sensibilidade que se exige de um governante!”
O FHC é bom para o Daniel Dantas e para o Gilmar Mendes!!!