A arte da política e a importância das eleições

Embora ainda hoje, vinte anos após a redemocratização que assegurou ao povo o direito de escolher todos os seus governantes e representantes, o conceito de política na cabeça das pessoas seja de uma coisa ruim, não há outro caminho para mudarmos as coisas para melhor, senão for através dela.

É claro que falo da política no sentido de ciência que organiza e administra o Estado de acordo com um determinado pensamento. A sociedade é plural, e em assim sendo, é natural que um determinado grupo entenda que um caminho é melhor do que o outro. Já o outro grupo pensa diferente. Uns querem mais estado e menos mercado. Outros, mais mercado e menos estado. Existem aqueles que buscam o equilíbrio entre um e outro ou ainda outros que querem pelo menos vencer a etapa de separar o público do privado com menos patrimonialismo e/ou corporativismo.

As correntes políticas que são diversas organizam-se em partidos com o objetivo de chegar ao poder e aí implantar aquela linha política que cada uma das correntes entende ser a melhor para atingir o objetivo de todos, que, em tese, é melhorar a vida do cidadão.

Está lá na Constituição, no parágrafo único do artigo 1º que todo poder emana do povo que o exerce por meio de seus representantes (eleitos) ou diretamente (plebiscito/referendo).

Portanto, é na hora da eleição que cabe ao povo escolher o modelo político que deseja ver implantado na administração, ou seja, como vai ser gerido o estado que é mantido com os recursos dos tributos que cada um paga. A eleição é, ou pelo menos deveria ser um momento muito rico em debates sobre temas que estão ou vão estar presentes na vida de cada um dos eleitores.

Aos partidos políticos cabem duas responsabilidades: participar do processo político eleitoral mostrando claramente como pretende administrar e colocando os seus melhores quadros a disposição da sociedade para a escolha do eleitor dentre as várias alternativas. Dentro dessa pluralidade, o Brasil estabeleceu eleições em dois turnos, ou seja, para ser eleito é preciso ter a metade mais um dos votos. Se o 1º lugar não atinge essa marca no 1º turno, tem o 2º turno onde um dos dois terá a maioria.

Eliminar a primera fase do processo eleitoral é negar o óbvio que é a existência da diversidade política. Diria até que é uma tentativa pouco democrática. São essas as regras constitucionais originárias de uma Constituinte eleita para tal fim e que consolidou a democracia em nosso país.

Ao eleitor, e somente a ele, cabe a decisão soberana e irrecorrível de definir se não quer segundo turno (e aí ele elege logo no primeiro), ou de quem vai ao segundo turno, para, aí então, dar a decisão final.

Esse poder só quem tem é o eleitor quando no altar da sua consciência de frente para urna toma a decisão que ninguém pode tomar por ele.