Os Planos econômicos Cruzado, Bresser, Verão, Collor I e Collor II manipularam a correção monetária das cadernetas de poupança e com isso os bancos, aí incluídos os bancos públicos, Banco do Brasil e Caixa Econômica, se apropriaram indevidamente de parte dos valores que pertenciam aos poupadores. Se fosse o inverso, diriam que os poupadores “furtaram” os bancos.
Alguns poupadores recorreram à justiça e foram ganhando. Os bancos, sempre com bons advogados, obviamente, foram empurrando com a barriga e o resultado é que 27 anos depois ainda não se tem uma decisão transitada em julgado. Ou seja, o STF não deu a palavra final. Interessante que a grande mídia que se indignou porque o julgamento do “Mensalão” demorou SETE anos para acontecer (e eu também acho que demorou de mais, sem entrar no mérito), agora, nesse caso que diz respeito a milhões de pessoas e a demora é de VINTE E SETE anos faz cara de paisagem.
Os banqueiros agora fizeram o seguinte: primeiro, um lobby para adiar o julgamento, ficando para o ano que vem e segundo, num ato de terrorismo, estão espalhando que há um risco sistêmico, ou seja, dos bancos quebrarem em efeito dominó. Quer dizer quando eles “tungaram” e “quebraram” milhões de poupadores estava tudo certo, mas quando estes, 27 anos depois, devem ganhar, aí o sistema quebra? E eles, os poupadores, não quebraram antes?
Alardeiam que o valor seria de 150 bilhões de reais. O IDEC, conforme publicou o CONJUR, apresenta outra tabela que indica o valor de DEZOITO bilhões de reais. Embora isso seja um valor fantástico, mas é menos do que a soma dos lucros dos bancos em um ano. Depois, esses valores vão voltar para as contas dos poupadores, não serão sacados.
O julgamento está previsto para amanhã. Vamos ver se o STF mantém o calendário ou se vai retro marchar.
Afinal, vinte e sete anos depois, com uma boa parte dos poupadores já mortos, será um desrespeito a todos um novo adiamento.