A partir do dia 1º de janeiro teremos novo Governo que na verdade é a continuação do anterior. Por natureza, não torço contra, torço a favor e faço votos de sucesso ao Omar de quem sempre fui adversário, exceto em 2006, mas de quem nunca fui inimigo mantendo com ele relação de respeito recíproco.
Estou, portanto, à vontade para analisar o quadro que aí está.
O governo que termina em 31 de dezembro acelerou o passo lá atrás, foi muito competente na comunicação e obteve um ótimo resultado eleitoral. Vendeu a imagem de que inúmeras obras ficariam prontas antes de 31 de março de 2010, o que melhoraria em muito a vida das pessoas, comprometeu as finanças do Estado a mais não poder e quando chegou em 1º de abril jogou tudo para antes das eleições. Passadas as eleições, disse que concluiria tudo antes do final do ano. Depois, a verdade veio à tona, mas aí as eleições já tinham passado. E se é verdade que Omar foi beneficiário direto do ponto de vista eleitoral, é verdade, também, que ele será o único herdeiro responsável pela solução de problemas dos quais outros tiveram os louros, cabendo-lhe agora a responsabilidade de descascar diversos “abacaxis”.
Cito alguns.
O primeiro deles é a situação financeira de curto/médio prazo do Estado. Até ontem o Governo havia gasto R$ 10.332.991.536,66 e pago apenas R$ 9.168.257.106,10. Uma “pequena” diferença de mais de HUM BILHÃO, CENTO E CINQUENTA MILHÕES DE REAIS.
O Estado tem boa capacidade de arrecadação que vem crescendo todos os anos o que permitirá em um ano, ou seja, o de 2011, equilibrar esse jogo, mas isso significa dizer que o governo anterior terá nove anos e o futuro, três anos. Isso se o Omar não deixar o cargo para ser candidato ao Senado. Se sair, só terá dois anos de governo.
O segundo problema, que tem a ver com o primeiro, diz respeito às obras inacabadas e paradas. Como disse, em 2007 e início de 2008 o governo pisou fundo no acelerador e depois de passada a eleição veio a dura realidade. O maior símbolo disso é a ponte Manaus-Iranduba, mas não é a única pendência. Existem muitas e espalhadas por todo o Amazonas como os hospitais e os portos.
No caso da ponte, o Governo mandou acelerar a obra, garantindo que tinha o dinheiro para bancar, mas não tinha. Anunciou que ficava pronta em março de 2008 e não ficou. Depois fez um aditivo de 94%, quando o limite legal é 25% (isso em qualquer outro Estado daria a maior confusão, mas aqui….). Só em novembro revelou que não havia feito a licitação da iluminação de segurança e das defensas, sem o que a Marinha não permite a inauguração. Por último, a construtora, sem receber, deu o xeque mate: reduziu o ritmo e desativou a obra, deixando dois vãos por ligar. Óbvio que essa é a carta de seguro da empresa. Só liga a ponte, se receber. Se não receber, a obra continuará parada.
O terceiro, a sua relação com os Municípios, em especial Manaus. O Governo do Estado não vai poder continuar a fazer de conta que não deve os 200 milhões de reais retirados de Manaus e entregues à Coari. Tem que dialogar e, ao contrário do governo anterior, começar a pagar o que deve ao povo de Manaus reconhecido pelo STJ e CNJ. E esse é um bom momento, já que o Prefeito de Manaus é exatamente aquele a quem o Omar deve várias indicações e apoios, inclusive nesta última eleição. Portanto, além da obrigação institucional, tem a sentimental. Deve ainda cumprir a Constituição e realizar os cálculos da partilha do ICMS entre os Municípios assumindo o ônus do que isso representa.
2011, portanto, é o ano para o Governo acertar o passo. Votos de sucesso ao Omar nessa missão.