Na política tenho sido o mais duro opositor e denunciador dos crimes cometidos pelos “Irmãos Coragem”, que a Bica, com sua tradicional ironia, chamou de “Irmãos Metralha”. Aqui mesmo neste espaço exigi punição a eles pelos crimes cometidos, a cassação do deputado, hoje preso, e até a abertura do processo de impeachmet do Vice-Prefeito, cúmplice de todos os crimes, segundo o MPE.
Portanto, sinto-me com autoridade e, mais ainda, com o dever e a responsabilidade de manifestar-me sobre a prisão domiciliar concedida ao ex-deputado Wallace Souza. O faço, afirmando que puni-lo acima ou fora do que manda a lei é tão injusto quanto seria deixá-lo impune.
A prisão domiciliar para os presos acometidos de doença grave tem previsão legal no art. 117, inciso II, da Lei de Execuções Penais e me parece não haver dúvidas quanto à gravidade do estado de saúde do ex-deputado.
Sei que a indignação por tantos desmandos, por tantas injustiças, por tantos crimes cometidos por ele toma nossos corações de um quase incontrolável sentimento de vingança, mas agora é a hora de respirar fundo e mostrar que não somos iguais a ele, que não somos criminosos, que não somos justiceiros, que queremos apenas Justiça e, se a lei, garante a ele, por seu estado de a saúde, o benefício da prisão domiciliar, que seja concedida.
Muitos vão falar que o direito aos benefícios da lei que agora defendo para o deputado cassado, é negado todos os dias aos presos pobres. A estes, respondo que a crítica deve ser feita pelo erro e não pelo acerto, negar o direito ao deputado confirma a negativa do direito aos presos pobres, já concedê-lo ao “ilustre” preso, alerta a sociedade e as autoridades das arbitrariedades que são cometidas.
Lembro de uma passagem do filme Invictus, sobre a história de Mandela, quando a namorada do capitão do time de rúgbi, ao vê-lo reflexivo antes do jogo, pergunta sobre o que ele pensa, e ele, referindo-se a Mandela diz: “Estou pensando como pode uma homem ficar 30 anos numa cela apertada e sair dela preparado para perdoar que o colocou lá”. Guardadas as devidas proporções, é disso que estamos falando.
Não é rancor que me move, é desejo de Justiça!