Matéria do jornal Diário do Amazonas do dia 05 de janeiro noticia: “Semed não descarta turno da fome” e ainda “Redistribuição lotou salas de aula em 2009”.
O Prefeito Amazonino prometeu em campanha (se é que essas promessas valem alguma coisa) que iria acabar com o “turno intermediário”, que ele chamou de “turno da fome”.
No início do seu governo, o Prefeito afirmou ter retirado milhares de estudantes do “turno intermediário”, diante do que denunciei que a retirada era uma irresponsabilidade posto que estavam trocando o “turno da fome” pelo “turno do aperto” com a superlotação de salas de aula, algumas chegando a 45 alunos.
Minha afirmação era fruto de uma ilação lógica primária. Se não haviam construído uma sala de aula sequer, diminuir o turno intermediário significava necessariamente relotar os estudantes nas salas existentes e, portanto, superlotá-las.
A bancada de vereadores do Prefeito reagiu duramente a minha crítica. Eis que agora surge o próprio Secretário Municipal de Educação, Vicente Nogueira, e afirma: “Eu reconheço que algumas turmas ficaram lotadas. Havia cerca de 45 crianças numa única sala. Mas trocamos um mal maior por um mal menor.”.
A declaração do Secretário, ao tempo em que desmascara a farsa montada pelo Prefeito Amazonino no início do governo, demonstra um descompromisso da atual gestão com a qualidade do ensino e o bem-estar de alunos e professores.
Segundo o Secretário, “turno do aperto” é mal menor que “turno intermediário”. Ele está errado! Só diz isto uma Administração que se põe na pele de um professor ou professora responsável por 45 crianças em sala de aula, que não se vê na pele dessas 45 crianças submetidas, na maioria das escolas, a condições insalubres e a um calor insuportável agravado pela superlotação!
Ademais, se o turno intermediário submetia 20 alunos a um horário inadequado ao processo de aprendizagem escolar, a superlotação submete esses 20 e os demais 25, que antes estavam em ambiente minimamente adequado, aos prejuízos do “turno do aperto”.
Portanto, o mal menor do secretário é maior, posto que, salvo engano, 45 são mais que 20.
Não há mal menor quando se fala na educação de crianças. Trocar o “turno da fome” pelo “turno do aperto” é incompetência administrativa, demagogia com a população e maldade com as crianças e professores.
Marcelo Ramos é advogado e vereador pelo PSB. www.vereadormarceloramos.com.br