Recebi, desde sexta-feira, a confirmação de que Manaus será sede da Copa do Mundo de 2014. A fonte é boa, da CBF, e, para demonstrar o quanto, informo que Natal (RN), como “zebra”, estará entre as 12 a serem anunciadas hoje, pelos delegados da Fifa, em Nassau, nas Bahamas.
Não chega a ser surpresa. A carta que nós, os três senadores do Amazonas, enviamos à Fifa, por iniciativa do senador João Pedro, teve resposta indicativa dessa tendência. Não teria sentido Copa no Brasil sem Amazônia e sem o Amazonas, por tudo o que representa, como a preservação de 98% das florestas e 99% do manancial de água doce – os igarapés de Manaus e alguns lagos próximos às maiores cidades do interior são parte ínfima do mar formado por nossos rios.
Parabenizo a equipe que elaborou e apresentou o projeto executivo da candidatura. É muito bom e cheio de méritos na vitória obtida.
Surpresa e expectativa superadas, agora é aproveitar ao máximo.
Os céticos dirão que teremos “três ou quatro jogos”. Imaginam estarmos tratando de futebol. Não é. Copa do Mundo é um grande negócio. Barcelona, que faz questão de se apresentar como “diferente”, Buenos Aires, com seu jeito europeu, e Paris, que dispensa comentários, ficaram ainda melhores após sediar a competição.
A Copa em Manaus é alavanca para investimentos em segurança, saneamento, transporte, praças, parques e comunicação – inadmissível estarmos tão distantes da banda larga na Internet e o cinismo que cerca o oferecimento desse serviço na cidade. Trará também mais bares, restaurantes, shows típicos e visibilidade para os artistas locais.
De propósito, não falei em hotéis. Nos próximos meses, pelo que fui informado, uma verdadeira avalanche de cadeias internacionais, operando estabelecimentos do tipo três estrelas, justamente os mais procurados, estarão inaugurando. Os projetos, mais de uma dúzia, acelerarão a partir do anúncio de hoje.
Essas coisas fazem toda a diferença no turismo, a indústria bilionária, que oferece sete empregos indiretos para cada um direto.
Jogadores, dirigentes, torcedores e jornalistas, principalmente estes, que virão à cidade por causa dos jogos, serão os porta-vozes para o mundo daquilo que Manaus apresentar no curto espaço de tempo da competição.
A Copa do Mundo acontece, tradicionalmente, entre junho e julho. A próxima, na África do Sul, ano que vem, começa dia 11 de junho e encerra em 11 de julho, na cidade de Johannesburgo. Esse é o período em que o Amazonas estará novamente mergulhado em enchente. O rio cheio tem uma beleza singular, preenchendo as reentrâncias das margens e os olhos dos visitantes.
Se não queremos exibir o cenário desolador dos flagelados ribeirinhos, de meninos mergulhando em igarapés lotados de lixo e das ameaças de epidemias por doenças de veiculação hídrica – porque estará também começando a vazante – é preciso arregaçar as mangas e trabalhar imediatamente.
É aí que acho que os ecos da Copa do Mundo chegarão também ao interior. Qualquer jornalista se sentirá tentado a dar “um pulinho” em Anamã e ver de perto a cidade que tem 100% do território submerso. Verba não falta para CNN, BBC, Le Monde, The Guardian, Washington Post, Miami Herald, New York Times… Já pensou uma manchete do tipo: “Manaus – cidade é ilha da fantasia”?
A Copa do Mundo é nossa. Vamos trabalhar. E tirar o melhor proveito dela.