Um das características da crise global em curso é a emissão de sinais contraditórios que ela gera. O impacto da crise é diferente conforme o setor da economia e a região do mundo que ela atinge, e conforme o mercado reage aos fatos e às medidas governamentais adotadas para minimizar as consequências do estrago causado à economia do planeta.
As bolsas oscilam ao sabor das notícias positivas e negativas de curto prazo. Governantes se apegam a indicadores conjunturais positivos, mas circunstanciais, visando conter o pessimismo dos eleitores e proteger sua popularidade do desgaste decorrente das perdas econômicas que corroem o orçamento doméstico dos consumidores.
As análises demasiado otimistas, no entanto, não resistem à informação divulgada pelo FMI, de que os bancos precisam de um aporte da ordem de U$ 1 trilhão para cobrir o rombo causado pelas estripulias dos operadores de mercado irresponsáveis e dos governantes coniventes com as causas da crise pela qual passamos.
Temo que os consultores de marketing do governo Lula sejam mais competentes do que o ministro da Fazenda. Antes Lula dizia que a crise seria uma marolinha. Agora, diz que o Brasil foi o último a entrar e será o primeiro a sair da crise. Graças a artifícios de marketing como esses e a algumas medidas de política econômica keynesiana, a popularidade do presidente caiu pouco (até agora).