Na edição de junho de 2008 da Voto, quando eclodia a Operação Rodin e já se sabia da Operação Solidária, encerrei artigo nesse espaço com o seguinte parágrafo: “Quem sobreviverá ao próximo round de investigações pela PF sobre os bastidores da política gaúcha? Fogaça! Em meio a um deserto de nomes, e com os partidos adversários do PT destroçados, Fogaça, nesse momento, é o único sobrevivente.
O prefeito já declarou saudades do Senado. Mas, talvez seja o único nome do PMDB em condições de enfrentar o comissário Tarso. Isso se for reeleito prefeito. Quem sobreviver verá.” Poucas linhas antes, escrevi: “Yeda é carta fora do baralho. Suicidou-se eleitoralmente com os tarifaços fracassados.” O título do artigo era: “Tarso e Fogaça: os candidatos ocultos de 2010.”
A pesquisa Datafolha de meados de março confirma esse prognóstico. Com mais de dois anos de mandato transcorridos; cavalgando o equilíbrio fiscal conquistado; anunciando investimentos e fazendo um bom governo, Yeda conseguiu a proeza de inviabilizar sua reeleição.
No pleito passado a tucana largou com cerca de 7% nas pesquisas. Hoje, no melhor cenário, teria 9%; menos de um terço do que tem Tarso (30%) e Fogaça (27%). Nenhum governador que a antecedeu conseguiu índice tão baixo de popularidade. É façanha para servir de modelo a toda a Terra. O índice de rejeição de 49%, contra 17% de aprovação, é uma bola de ferro algemada ao calcanhar Yeda. Não há, na história das eleições, registro de vitória de um candidato com mais de 40% de rejeição.
Essa rejeição é de Yeda. É problema de imagem pessoal. Seu governo não é ruim. Pelo contrário, tem realizações importantes e as comunica bem. Mas Yeda consegue a proeza de produzir crises simultâneas a cada fato positivo que gera. As relações da governadora com sua base parlamentar são cheias de conflitos e insatisfações. Um clima de intrigas contamina os bastidores do governo. Jornalistas relatam que secretários de estado temem conceder entrevistas em seus próprios celulares, certos de que estão grampeados. A suspeita foi reforçada pela controvertida demissão do ex-ouvidor da Polícia.
Parcelas expressivas da opinião pública, e da base partidária do governo, percebem Yeda como uma pessoa autoritária e prepotente. Essa percepção é eleitoralmente fatal. Ainda que siga fazendo um bom governo, Yeda não tem chances de se reeleger.
O prefeito reeleito da capital, mesmo sem admitir a candidatura – que somente assumirá na última hora, com sempre -, roça os calcanhares de Tarso Genro, que larga do tamanho do PT. As urnas de 2010 sorriem para Fogaça.